Quaresma: tempo de conversão “Lembra-te pó, que tu és homem e que em homem te tornarás” (Gen 3, 19)
Quando se experimentamos a quarta-feira de cinzas não estamos simplesmente recordando que o homem saiu do pó da terra e para ele deverá inevitavelmente voltar, mas desejamos muito mais imprimir em nossos corações a esperança de uma vida nova, conquistada pela morte e ressurreição de Cristo, celebrada na Páscoa que a Quaresma prepara. É necessário, abordando este aspecto reflexivo, recordar-se da fábula grega da fênix, a ave que renasce das cinzas. A mesma leva a perceber a vida como algo sublime, superior e sagrado, que tem força de eternidade. Por isso ela deve ser defendida em cada ser humano e em toda a natureza e não ser escravizada pelo materialismo.
Estamos acostumados a ouvir a admoestação, ao receber as cinzas na quarta feira: “Lembra-te, homem, que tu és pó e em pó te tornarás” (Gen. 3,19). Após o Concílio Vaticano II, adotou-se também uma fórmula alternativa que é: “Convertei-vos e crede no evangelho” (Mc. 1, 15). Tanto a primeira quanto a segunda asseveram-nos a necessidade de reconhecer a efemeridade da vida terrena, a necessidade de defender-se contra o pecado e contra todo tipo de mal e ainda de se preparar atentamente para a vida eterna, sem se submeter ao materialismo. Contudo, a vida eterna não se dá apenas depois da morte, mas tem seu início no seio materno e prossegue no tempo até seu fim natural neste mundo.
A cerimônia das cinzas nos introduz no tempo quaresmal, no qual devemos reforçar nosso hábito diário de conversão. Durante quarenta dias, nos propomos a entrar em clima de oração intensa, a jejuar, e a praticar mais a caridade, a semear a solidariedade, afinal, a criar e recriar formas de se viver em plena fraternidade. Oração, jejum e esmola são os três destaques do tempo quaresmal desde os primórdios do cristianismo.
Todavia, muitas pessoas exercem alguma destas práticas, erroneamente, como forma de recolhimento e de preparação para celebrar a Páscoa de Ressurreição. Mas para podermos celebrá-la com todo zelo e apreço, não precisamos nos ater de alimentos, bebidas e outros mais, pois imagina quantas pessoas ainda não tem o que comer e o que beber e vivem em pleno jejum durante todo o ano. Há outras formas preponderantes e mais convenientes de se preparar para esta grande festa. Pense nisso com carinho e encontre uma que melhor se adéqüe.
Notamos, assim, que as cinzas que recebemos no início da quaresma nos levam a crer na vida como vitoriosa sobre a matéria, sem desprezá-la.
A quaresma não existe para si mesma, mas em vista da Páscoa. As cinzas não têm valor em si mesmas, mas estão postas em contraste com a exuberante luz da ressurreição. Se as cinzas são o resultado de um fogo que se apagou, a luz é expressão de uma chama que ilumina e aquece com o amor, com a partilha e com a solidariedade, os caminhos da vida terrena, onde as coisas materiais têm valor relativo.
A quaresma não existe para si mesma, mas em vista da Páscoa. As cinzas não têm valor em si mesmas, mas estão postas em contraste com a exuberante luz da ressurreição. Se as cinzas são o resultado de um fogo que se apagou, a luz é expressão de uma chama que ilumina e aquece com o amor, com a partilha e com a solidariedade, os caminhos da vida terrena, onde as coisas materiais têm valor relativo.
Aloísio Crepalde Lelis
Graduado em Filosofia pelo Centro Universitário do
Leste de Minas Gerais – UnilesteMG
Graduado em Filosofia pelo Centro Universitário do
Leste de Minas Gerais – UnilesteMG
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