quinta-feira, 6 de novembro de 2014



RELAÇÃO DA ÉTICA E DA ALTERIDADE COM AS DIFERENÇAS EXISTENTES NA ESCOLA

Cláudia Cibele Machado
Mariana Martins 
Marqueli Kerber da Rocha

Resumo: Este artigo pretende responder ao problema: Se a escola é um espaço de encontro entre as diferenças, de que forma os estudos de ética e da alteridade podem ajudar na compreensão sobre as diferenças?

Palavras-chave: Ética- Alteridade- Diferenças

Introdução

Para responder este problema investigamos de que forma os estudos referentes a ética e a alteridade no Módulo I do Curso de Pedagogia: Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental, fundamentam a compreensão sobre as diferenças.

O módulo I nos chamou a atenção sobre a importância da ética e da alteridade nas relações escolares, com a construção do Ser Humano.

Entendemos que a ética está relacionada com a alteridade e o Outro, conforme o que estudamos em Antropologia e filosofia. Diz respeito ao que não é o eu, isto é, o diferente.

O agir eticamente implica em respeitar e aprender com o outro.

Pretendemos com esta pesquisa bibliográfica ampliar nossa concepção sobre este assunto, pois pensamos ser este um aspecto muito importante para educadores que pretendem trabalhar no ambiente escolar e na sociedade.

Para podermos entender como a ética e a alteridade ajudam na compreensão da diferença existente entre os estudantes de uma mesma sala de aula, primeiramente teremos que estudar os conceitos de ética, alteridade e diferença. Após relacionaremos os três conceitos.


1. ÉTICA

A palavra ética origina-se do grego ethos que tem o mesmo significado que costume.

Preocupa-se com os princípios que fundamentam a vida moral, ou seja, são os valores dos homens para com a sociedade.

O filósofo Emmanuel Levinas, no livro Entre Nós, coloca que “a ética é o próprio humano, enquanto humano. Penso que a ética não é uma invenção da raça branca, da humanidade que leu os autores gregos nas escolas e que seguiu certa evolução. O único calor absoluto é a possibilidade humana de dar, em relação a si, prioridade ao outro”. (1997, p. 149-150). 


2.ALTERIDADE

A alteridade é a preocupação com o Outro, colocada no fundamento do agir humano e levada à prática individual com relação à sociedade. Contudo, o egoísmo perde espaço, trazendo somente ações responsáveis e justas do Eu para com o Outro.

Alteridade é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos.

Com a alteridade é possível exercer a cidadania e estabelecer uma relação pacífica e construtiva com os diferentes, na medida em que se identifica, entenda e aprenda a aprender com o contrário. Portanto, a alteridade é a capacidade de conviver com o diferente, de se proporcionar um olhar interior a partir das diferenças. Significa que eu conheço o Outro em mim mesmo, também como sujeito aos mesmos direitos que eu, de iguais direitos para todos o que também gera deveres e responsabilidades, ingredientes da cidadania plena.


3. DIFERENÇA

A diferença é a desigualdade existente de indivíduo para com indivíduo. O que tratamos aqui é a diversidade do ser humano, ou seja, todos somos diferentes e permaneceremos diferentes.

Diferentes em raça, cultura, religiões, níveis sócio-econômicos, na forma de pensar, de agir, na compreensão do mundo e de nós mesmos.


4. ÉTICA, ALTERIDADE E AS DIFERENÇAS NA ESCOLA

Vivemos em um país que existem diferenças em todos os aspectos, mas onde unidos lutam pelos mesmos ideais: a igualdade e a justiça.

A escola é o ambiente onde estas diferenças se encontram e dividem o mesmo espaço, direitos e deveres e devem ser tratados com respeito sem distinção entre classes sociais, raças, intelecto ou religião.

Os educadores devem ficar atentos a estas diferenças e tentar buscar o domínio de um saber crítico que permita interpretá-lo para mostrar aos alunos a existência outras culturas, dialogar e reconhecer sobre a diversidade do Ser Humano, fazer compreender que ela faz parte do mundo, sempre existiu e continuará existindo.

A convivência com o outro nos dá o benefício de aprendermos sobre outras culturas, trocarmos idéias e vivências, aumentando assim nosso conhecimento do mundo.

A criança encontra-se em processo de definição do seu próprio Eu, por isso a ética e a alteridade podem ser trabalhadas em sala de aula para tornar mais fácil a esta compreensão da diferença, mas não poderá ser imposta para não ser confundido com moralismo. Apresenta-se em processo de crescimento e desenvolvimento da personalidade e deve amadurecer seu juízo através de vivências proporcionadas para tirar suas próprias conclusões.

A pessoa ética e com alteridade é mais fraterna, pois deixa de criticar, agredir, julgar, infringir as leis e trilha o caminho da não-agressão, do não-julgamento e luta pela paz e pelo respeito ao ser humano, por estar em paz consigo mesmo. Com a alteridade passamos a ter respeito pelo ser do Outro, levando em consideração somos diferentes e temos compreensão dos diferentes do mundo.

No livro Uma Introdução à Ética Contemporânea de Ricardo Timm de Souza,Outro é por nós compreendido como aquele que chega de fora, fora do âmbito do meu poder intelectual, de minha inteligência que vê e avalia o mundo. O Outro rompe com a segurança de meu mundo, ele chega sempre inesperadamente, dá-se em sua presença não prevista, sem que eu possa, sem mais, anular essa sua presença e esse seu sentido. (2004, p. 56).


Considerações Finais

Ao término do artigo podemos compreender que a escola é o espaço onde está a maior diversidade cultural e o local mais discriminador, devido ao convívio de diferentes culturas. 

Trabalhar com a diferença é um desafio para o professor por ele ser o mediador do conhecimento e porque para lidar com ela é necessário compreender como a diversidade se manifesta e em que contexto. O professor só conseguirá desenvolver a ética relacionada com a alteridade se também entender estes conceitos e compreender a importância da convivência com o diferente.

Esta proposta de uma educação voltada para a diversidade coloca o grande desafio de estarmos atentos às diferenças de todas as espécies e buscarmos o domínio de um saber crítico que permita interpretá-las.

Sabemos que é impossível termos uma escola igual para todos, mas acreditamos em um ambiente ético e reconheça que os alunos são diferentes, que possuem culturas diversas e se necessário repense no currículo escolar, a partir da realidade dentro da lógica de igualdade e da justiça.

Referência 

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 3 ed. revista. São Paulo: Moderna, 2003.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia.4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

SIDEKUM, Antonio. Ética e alteridade: A subjetividade ferida. São Leopoldo-RS: Unisinos, 2002.

SOUZA, Ricardo Timm de. Uma introdução à ética contemporânea. 2 ed. São Leopoldo-RS: Nova Harmonia, 2004.

CARBONARA, Vanderlei. Fundamentos da Educação. 1 ed. Caxias do Sul-RS: ABDR, 2004.

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